Se videogame pode ser considerado arte ou não é algo para se discutir. Muita gente acha que os jogos eletrônicos são apenas produções de cultura de massa. Embora seja verdade para uma grande parte deles, é inegável que muitos são feitos com o foco no lado artístico, afinal, trata-se de uma mídia que utiliza elementos da música, do cinema e até das artes plásticas, entre outras. Estes exploram a experiência do jogador, o visual e a filosofia da mensagem que é passada. Portanto aqui vão quatro dicas, entre tantas, de jogos artísticos.
1 – Okami (Playstation 2, Playstation 3, Wii)
Este belíssimo jogo de aventura é, basicamente, uma pintura oriental interativa. A história conta a saga da deusa da mitologia japonesa Amaterasu, na forma de um lobo branco, em sua jornada para revitalizar o mundo que foi tomado por forças sombrias.
Este game, além de utilizar o máximo de seus gráficos únicos, também explora a necessidade humana de ter ídolos e heróis e como a fé que temos nestes símbolos pode fazer a diferença em nossas vidas. Tudo isso sem questionar nenhuma religião, mas apenas abordando o tema “algo maior”, mesmo que esta entidade seja apenas uma outra pessoa comum. Ou um simpático lobo branco.
2 – To The Moon (PC)
Mais uma história interativa do que um jogo propriamente, o título utiliza gráficos extremamente simples, mas acaba prendendo por sua narrativa envolvente. Você acompanha os doutores Watts e Rosalene, especialistas em alterar e inserir memórias artificiais permanentes, enquanto atendem um senhor próximo da morte. O paciente quer a lembrança de ir até a lua e, para realizar e entender este desejo, os protagonistas viajam pelas memórias do velho enquanto acompanham a história de seu casamento e sua vida de trás para frente.
A história é cheia de drama, com algumas passagens cômicas e até mesmo sinistras. Tudo isso acompanhado de uma excelente trilha sonora, que é um show a parte. O jogo faz um ótimo trabalho deixando o jogador desconfortável em alguns momentos ou melancólico em outras. Um jogo bastante simples e curto, mas com muito conteúdo.
3 – Journey (Playstation 3)
Uma pessoa vestida de manta vermelha e um cachecol branco, sentada no meio de um grande deserto e tudo o que se vê é uma enorme montanha no horizonte. Como não há mais nada em vista, é para lá que você vai. Assim começa a fabulosa aventura de Journey.
O jogo, como o nome diz, é uma jornada até a tal montanha. Você não sabe o que tem lá, nem o que tem lá ou o que você é. Mas também é uma jornada emocional. Conforme aprende a história do jogo, contada por cenas ou pinturas descobertas ao explorar (nenhuma palavra é dita ou escrita durante o game), você se envolve na aventura e na motivação da criatura que está controlando. Durante esta viagem, você pode encontrar outros jogadores que também estão online. Como vocês não se comunicam de nenhuma forma e você não sabe quem é a pessoa, a interação de vocês é aberta a cada um. Podem se ajudar, atrapalhar ou se ignorar completamente. Neste quesito, acaba se tornando uma experiência social também, de certa forma questionando nossa necessidade e costume de utilizar palavras para se expressar, quando um pequeno gesto pode dizer muito.
4 – Shadow of the Colossus (Playstation 2, Playstation 3)
Talvez um dos primeiros jogos a ser reconhecido amplamente como arte. Você controla Wander, um rapaz ruivo sobre o qual você sabe muito pouco. Ele entra no templo de um lugar conhecido apenas como Terra Proibida carregando uma jovem e bela garota aparentemente morta. Logo fica claro que a intenção dele é conseguir ajuda de forças obscuras em busca de uma forma para reviver a menina, Mona. Uma voz, utilizando um vocabulário antigo, explica que Wander deve procurar e derrotar 16 colossi.
Acompanhado de seu cavalo, Agro, ele viaja as vastas terras em busca destes enormes seres fantásticos, alguns quase cem vezes maiores do que Wander. Sendo apenas um garoto armado de uma simples espada e um arco, você deve achar uma forma de escalar seus gigantescos corpos e procurar seus pontos vitais, fazendo com que cada encontro com um colossus seja uma aventura a parte.
Após todo seu esforço e sua saga, os últimos momentos do jogo o fazem pensar: durante esta jornada, era você um herói se sacrificando por uma boa causa ou um vilão que ultrapassou os limites, cometendo o sacrilégio de matar criaturas inocentes por um motivo egoísta? O que realmente separa o certo do errado? Cabe a você mesmo ponderar estas questões e chegar a sua própria conclusão.
E tem muito mais além desses. Apenas para citar mais alguns: Limbo, Bastion, Flower, Dear Esther, Braid e Antichamber. Todos para aproveitar e sentir, muito mais do que apenas jogar.